A decisão de quarta-feira foi devido a Bolsonaro ter excedido o prazo de segunda-feira para fornecer qualquer evidência de suas reivindicações. O Supremo Tribunal Federal vai agora investigar a divulgação de “notícias falsas” sobre o tribunal e seus membros, e vai investigar supostas “milícias digitais” financiadas por empresas privadas para esse fim.
Bolsonaro relatou repetidamente fraude no sistema de votação brasileiro sem apresentar qualquer evidência. O presidente, que deve concorrer a um segundo mandato em 2022, também deu a entender que os votos podem ser fraudulentos.
Ele respondeu com raiva à decisão da Suprema Corte de aprovar uma investigação sobre suas reivindicações, de acordo com a Reuters.
“Esta investigação não é constitucional, então o antídoto para ela também não é constitucional”, disse Bolsonaro à mídia social sem especificar mais a natureza da ameaça, disse a Reuters à Reuters.
Falando na televisão pública na sexta-feira passada, Bolsonaro disse que “não há como provar se as eleições foram fraudadas ou não.” Ele também disse em um discurso aos apoiadores no domingo que as eleições do próximo ano não aconteceriam a menos que as cédulas de papel fossem restabelecidas.
A decisão do Supremo Tribunal, escrita pelo juiz Alexandre de Moraes, relaciona 11 possíveis crimes que o presidente poderia ter cometido, entre eles difamação, difamação, insulto, incitação ao crime, associação ao crime e calúnia.
“A declaração do Presidente da República, JAIR MESSIAS BOLSONARO, veio à tona como uma das ocasiões em que o agente se posicionou de forma teoricamente criminosa e ofensiva às instituições, em particular ao SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL”, escreveu Moraes.
Em 24 de julho, manifestantes contra Bolsonaro se reuniram nas principais cidades do Brasil, pedindo seu impeachment e mais vacinas contra o coronavírus. Os protestos foram organizados por movimentos sociais e partidos de esquerda.
Antes de falar na mídia estatal brasileira, Bolsonaro disse a repórteres na quinta-feira que iria mostrar que o sistema de votação brasileiro estava fraudado. No entanto, ele não foi capaz de fornecer evidências específicas para apoiar esta afirmação.
Durante seu discurso de duas horas, ele mostrou vídeos do YouTube e artigos jornalísticos fora do contexto para levantar suspeitas sobre o funcionamento de sistemas de urna eletrônica internacionalmente aclamados no Brasil.
Um dos vídeos que Bolsonaro apresentou como evidência contra o sistema eleitoral atual apresentava pessoas que tentaram lançar o número de Bolsonaro na eleição presidencial de 2018, mas pareciam ter sido impedidas de fazê-lo por votação eletrônica, enquanto pessoas que tentaram votar no candidato do Partido Trabalhadores. Fernando Haddad não teve problemas.
Logo após o discurso do presidente, o Tribunal Superior Eleitoral do Brasil (TSE) indeferiu suas reivindicações. No exemplo específico usado por Bolsonaro, o TSE disse que reclamações vieram de pessoas que tentaram colocar o número de Bolsonaro em seu voto para um governador para o qual seu partido não tinha candidato em sua região na época.
“Não temos provas (de fraude) para deixar isso claro. Mas há indícios de que as eleições para senadores e deputados possam ocorrer da mesma forma (mostrado no vídeo). Por que não?” disse Bolsonaro.
Os jornalistas Juliana Koch e Rodrigo Pedroso reportaram de São Paulo e Philip Wang da CNN de Atlanta.